segunda-feira, 30 de maio de 2011

Através dos olhos do cinegrafista

Há nove anos na TV Globo, o repórter cinematográfico Leandro Cordeiro nos conta um pouco de sua trajetória e peculiaridades da profissão. Já foi premiado com a melhor série do ano, “disputei com a TV Globo do Brasil todo e ganhei o prêmio na categoria de Jornalismo Comunitário”.  Depois de uma jornada de muita batalha e persistência, hoje ele se orgulha de ter seu trabalho reconhecido.

Como começou sua carreira?
R: Foi como contínuo, na TV Rio Sul, afiliada da Rede Globo em Resende. Depois,passei para auxiliar de câmera, por um ano, e em 1997 fiz curso de cinegrafista e fui promovido. Fui transferido para Volta Redonda e em seguida paraAngra dos Reis. Em 2002, vim para Rede Globo.
Como surgiu a oportunidade para se tornar cinegrafista?
R: Não entrei na empresa para ser cinegrafista. Mas, a partir do meu interesse e curiosidade pela câmera surgiu à oportunidade e fui em frente.
Hoje em dia ainda acontece dessa forma?
R: Hoje a TV Globo seleciona alunos de jornalismo que queiram ser cinegrafista e fazem uma seleção até encontrar alguém que possa ser aproveitado. Fora isso, só se for um grande cinegrafista de outra emissora.
Que matéria mais marcou sua vida?
R: Essa eu não esqueço. Foi um acidente na via Dutra, no dia 27 de setembro, Dia de São Cosme e Damião, um carro entrou embaixo do ônibus e todos que estavam nele morreram. O nome do motorista do ônibus era Cosme Damião.
Qual matéria você mais se orgulha de ter feito?
R: Foi uma série de reportagem sobre a dengue. Disputei com a TV Globo do Brasil todo e ganhei o prêmio de melhor série do ano.
Você costuma viajar a trabalho. Qual foi a viagem mais marcante?
R: Nos últimos três meses fui a Salvador, Fortaleza e Mato grosso. Sem dúvidas, foi a de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Fomos fazer uma matéria para o JN no Ar, para mostrar como estava a cidade depois da prisão de vários políticos, que foram flagrados recebendo propina.
O que você ainda não teve oportunidade de filmar?
R: Gostaria muito de ir a uma copa do mundo. Alguns colegas de profissão já tiveram essa oportunidade e contam que é uma grande experiência.
Alguma matéria já colocou em risco sua segurança?
R: Várias, principalmente operação policial em favela. Na hora, é muita adrenalina, a única coisa que pensamos é conseguir as melhores imagens para podermos passar para os telespectadores a realidade. Só depois com mais calma conversando com colegas é vemos o risco que corremos.
Com o avanço da tecnologia, qualquer pessoa é capaz de gravar uma imagem e torná-la pública. Em sua opinião, essa facilidade pode ameaçar o futuro dos cinegrafistas?
R: Não, existe uma diferença muito grande em fazer uma imagem de uma reportagem. O resultado de um bom trabalho jornalístico deve captar nas imagens não apenas as ações, mas as emoções, os detalhes que vão fazer a diferença. Uma pessoa leiga não conhece as técnicas necessárias para realizar uma boa imagem como luz, cor e temperatura.
Se não fosse cinegrafista, qual profissão escolheria?
R: Gostaria de estudar direito para ser delegado. Porque tanto o jornalista quanto o policial trabalham com a verdade.